Escola de Sustentabilidade Integral

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Em busca da mente clara: começando a meditar

 
 Conhecer a própria mente e sua forma de funcionamento é um passo essencial para o aprendizado da meditação, sendo um excelente caminho para a clareza mental em todas as esferas da vida. Com isso, usamos melhor o tempo, por exemplo e podemos ser mais felizes.  A atenção ao momento presente é o caminho para tranquilizar a mente e perceber seus mecanismos de atuação. Porém, diversos obstáculos se colocam a esse alinhamento com o agora e a mente tende a distrair-se. O budismo identifica dezenas de tipos de "distrações" que fazem com que a mente se desalinhe, se agite e dificulte a conquista da clareza e da paz interior. Com base nesse conhecimento, e em minha experiência com estudantes, identifiquei cinco tipos bastante comuns de funcionamento da mente. Aqueles/as que querem avançar na prática da meditação e beneficiar de uma mente mais clara e tranquila podem observar o tipo de pensamentos mais frequentes em seu dia-a-dia e assim se aventurar em seu mundo interior e buscar evolução pessoal e coletiva.
Nos tempos atuais, a maior parte das pessoas tem momentos em que é controlada pelos próprios pensamentos, chegando a confundir a si mesma com sua mente. A mente inquieta é aquela que está constantemente envolvida com pensamentos repetitivos, seja em torno de emoções, positivas ou negativas (desejos, ciúme, raiva, paixões, etc.), ou de situações vividas (questões de trabalho e relacionamento, entre outros). A mente preocupada é movida pelos medos e se ocupa excessivamente de especulações sobre o que pode acontecer em casa, na saúde, no trabalho, com os entes queridos, etc, ocupando-se, na maioria das vezes desnecessariamente, com pensamentos negativos. A  mente comentadora é aquela que opina incessantemente sobre tudo e todos, com julgamentos geralmente negativos, observando criticamente os outros, perdendo a oportunidade de observar a si mesmo e evoluir. A mente planejadora está sempre focada no futuro, seja na agenda imediata, seja na mais longínqua, planejando os passos a seguir de modo geralmente esperançosamente positivo, idealizando sua capacidade de interferir no mundo e alienando-se, do mesmo modo, do momento presente. A mente testemunha é a de quem encontrou a paz interior, pois está atenta ao que acontece aqui e agora, permitindo que a pessoa sinta mais o mundo e observe a si mesma em ação, evitando perder-se em seu próprio funcionamento mental e abrindo caminhos para o próprio aperfeiçoamento.
Os tumultos da mente são amenizados quando meditar se torna parte da vida. Nesse caso, a mente testemunha naturalmente se instala no espaço de paz produzido na meditação e no qual ela encontra alimento pra se desenvolver. Pode-se perceber assim as variações do comportamento mental ao longo do tempo e identificar o que é natural e sadio e o que deve ser curado. Quando vivemos situações de estresse excessivo, é natural tendermos à inquietude em torno do tema que nos estressa, porém viver inquieto/a é doentio. Em situações em que estamos conhecendo muitas pessoas e circunstancias novas é natural o comentário consigo mesmo sobre o que se vê e vive, mas se o julgamento é o principal mote da mente, e sobretudo se ele é constantemente negativo, é fácil ver que há uma fuga de si e de seus próprios defeitos.  A preocupação e o planejamento também são naturais, e mesmo necessários, só não podem ser compulsivos e ocupar a maior parte dos pensamentos. Testemunhar calmamente o próprio processo mental nos dá, ao promover o autoconhecimento, a oportunidade de cura, pois a mente é também maleável e pode ser treinada. “Trazer a mente pra casa”, é a proposta.
Um caminho simples para reconhecer o próprio padrão mental é adotar práticas meditativas, como a meditação diária de um minuto, explicada aqui. Ao começar o método, enquanto sua mente estiver agitada, use os exemplos dados acima como referência e observe o padrão de funcionamento mental que se reproduz, antes que a calma se instale. Na medida em que você repete em semanas e meses a experiência meditativa (que pode ter vários métodos, encontrados facilmente na web, ou com mestres disponíveis), a percepção do funcionamento mais comum da sua mente vai se tornando mais e mais evidente. Identificado o padrão, é preciso entender a relação desse padrão com a personalidade e “cortar” os excessos, com persistência. Se há muita inquietação, é preciso uma mudança profunda no jeito de viver; se há medos e preocupação demasiada, é preciso mais confiança nos outros e no mundo; se há muito julgamento, é hora de focar em si, com compaixão, pra poder evoluir; se o foco é no futuro e no que há a fazer, mais presença e prazer no momento presente, no aqui e agora, é o caminho.
Uma mente que vai se esvaziando de suas sombras se torna naturalmente cada vez mais clara e plenamente consciente. Só uma mente clara permite o alinhamento de si com o que é essencial para cada um/a. O alinhamento e a autenticidade favorecem ações pertinentes para a realização individual e com isso mais alegria no dia à dia e ao longo da vida. Pessoas “de bem com a vida” favorecem o bem do mundo ao redor e, com isso, um mundo melhor. Nada há a perder. Tente!

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1 comentários:

  1. Que O mundo precisa de mudanças radicais,isso eu não tenho duvidas so gostaria de entenderporque o ser humano é tão egoísta de não pensar que não existe fora,se estamos todos dentro...E a vida e como uma viagem,sabemos que a viagem pode ser curta ou longa,mas o desembarque vai acontecer... Que nós preparamos para deixar o caminho por onde passamos,livre,limpo e se possível enfeitado,de flores e muitas cores!!!

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